Para minimizar o sufoco, Santas Casas ganham linha de crédito do BNDES

Édson Rogatti, presidente da Confederação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas anunciou, no último dia 12, que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) está prestes a lançar uma nova linha de créditos para as Santas Casas de Misericórdia e Hospitais Filantrópicos.

Em Brasília, foi realizada uma reunião para discutir como será o formato e características desse novo programa. Participaram do encontro representantes de hospitais, do Ministério da Saúde, do BNDES e da Caixa Econômica Federal.

Rogatti afirmou que os detalhes como valores, juros e remuneração concedida para agentes financeiros serão conhecidos dentro de alguns dias, mas já há uma previsão do prazo de pagamento do crédito em 10 anos com seis meses de carência.

Ultrapassando a casa dos R$17 bilhões, as instituições acumulam dívidas como uma bola de neve, e esta realidade não é recente, as dificuldades são antigas e cada vez mais só aumentam ao ponto de algumas unidades já terem fechado as portas.

É fato afirmar que os serviços prestados por hospitais filantrópicos são fundamentalmente importantes para garantir o atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS). Já houve uma iniciativa do BNDES de auxiliar as Santas Casas com outra linha de crédito, entretanto não foram todas as instituições que tiveram acesso à ajuda, uma vez que poucos bancos fizeram a intermediação.

Atualmente, a proposta é um tanto quanto diferente da anterior, pois o governo e BNDES preveem um spread (espécie de pagamento de garantia para instituições financeiras que participantes) de 4%.  Segundo Édson, o risco não é elevado, porque os bancos vão receber diretamente do Ministério da Saúde. Entretanto as entidades filantrópicas pedem um percentual pela metade, ou seja, de 2%. Mas as taxas de juros ainda estão sendo negociadas.

Segundo a Confederação das Santas Casas os associados que já tiverem interesses em participar do programa já podem encaminhar toda a documentação para análise. Em dezembro, está prevista uma palestra com técnicos do BNDES e da Caixa Econômica para maiores esclarecimentos.

 “A crise pela qual as Santas Casas estão atravessando provocou uma reflexão e um novo debate sobre o financiamento das instituições. Mas essa necessidade já é muito antiga, e não podemos deixar de pressionar as autoridades para que mais ações sejam feitas. Acabar com o sucateamento do sistema é um trabalho árduo do qual devemos sempre estar atentos para cobrar políticas públicas e manobras financeiras para que não tenhamos mais Santas Casas fechando suas portas e deixando de atender milhares de pessoas por falta de recursos”, comentou Péricles Batista, diretor do Sindicato dos Enfermeiros do Estado de São Paulo (SEESP).