Enfermagem teve redução salarial de 11,8% na pandemia

 Enfermagem teve redução salarial de 11,8% na pandemia

A pandemia trouxe à luz a importância do trabalho da Enfermagem. A sociedade aplaudiu e reconheceu. Mas os profissionais continuam sem a valorização prática, com salários muito aquém das necessidades. No momento em que a categoria luta pela aprovação do PL 2564/20, que estabelece o Piso Salarial Nacional, pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) revela que o rendimento médio dos profissionais da categoria teve redução de 11,8% no entre os 4º trimestres de 2019 e 2020. Neste mesmo intervalo de tempo, o rendimento médio real no Brasil teve encolhimento de 1%.

Em comparação com o rendimento médio dos trabalhadores com ensino superior em geral, os profissionais de nível médio de Enfermagem com ensino superior completo receberam 36,4% menos, enquanto os profissionais de Enfermagem, para os quais há exigência de ensino superior completo, passaram a receber 11,5% a menos.

Enquanto isso, o lucro dos hospitais aumentou significativamente. Alguns exemplos: Notre Dame: + 58,2%; Rede D´or: + 61,4%; Unimed, + 91,8%.  Mesmo com esse aumento nos lucros, os hospitais não aumentam os salários dos enfermeiros e ainda fazem lobby contra a aprovação do PL que cria o Piso Salarial Nacional da categoria.

A Enfermagem luta há décadas pela valorização salarial e ainda não possui um piso salarial definido. Os profissionais enfrentam uma dura realidade de duplas jornadas para atingirem um rendimento mensal digno.

Segundo a pesquisa Perfil da Enfermagem no Brasil (Cofen/Fiocruz), 70% dos profissionais da Enfermagem recebiam menos de 3 mil reais. Deste percentual, mais de 280 mil profissionais recebem menos do que um salário mínimo.

Diante desses dados, a luta pela aprovação do PL 2564/20 deve ganhar mais força. Segundo a presidente do Sindicato dos Enfermeiros do Estado de São Paulo (SEESP), Elaine Leoni, “além dos baixos salários, ou até por causa disso, os profissionais da Enfermagem ainda precisam enfrentar longas jornadas, plantões de até 72 horas. Muitos correm de um hospital a outro para garantir uma remuneração que permita sustentar a si e à sua família”.

A secretaria geral do SEESP, enfermeira Solange Caetano representa o Fórum Nacional da Enfermagem nas negociações com o Congresso Nacional para aprovar o PL2565/20. O Projeto de Lei, de autoria do Senador Fabiano Contarato (REDE-ES), estabelece o Piso em R$7.315,00 para enfermeiros. Para os técnicos, o piso salarial estabelecido é referente a 70% deste valor (R$5.120,50) e para os auxiliares, 50% (R$3.657,50). Todos os valores são correspondem a uma jornada de 30 horas semanais.

Para Solange Caetano, só uma mobilização ainda maior da Enfermagem pode garantir a aprovação do Piso Salarial Nacional. Ela ressalta que há grandes forças econômicas contrárias à aprovação do PL 2564/20, principalmente os grandes empresários dos planos de saúde. “A categoria continua mobilizada e as negociações no Congresso Nacional só serão vitoriosas com essa força, que é responsabilidade de todos. Portanto, vamos à luta que a guerra ainda não acabou”.

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