Nota de Repúdio

O Sindicato dos Enfermeiros do Estado de São Paulo (SEESP) vem a público repudiar as declarações do Deputado Federal Jair Bolsonaro, feitas durante a votação de admissibilidade do processo de impeachment na Câmara dos Deputados, em que dedicou seu voto ao coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, primeiro militar a ser reconhecido pela Justiça como torturador durante a ditadura.
A Entidade defende a democracia e sabe quantas vidas foram sacrificadas para que hoje a população tenha o poder de escolha. Por isso, nos ofende ver em rede nacional um parlamentar exaltar e aplaudir alguém que contribuiu para a morte e desaparecimento de dezenas de pessoas, causando o sofrimento destes e de suas famílias durante a ditadura, em um período que nos envergonha e faz perceber o quanto é importante a liberdade.
O SEESP entende que a liberdade de expressão não pode ser usada para manifestar e exaltar horrores que afrontam os direitos humanos, ainda mais dentro do parlamento brasileiro.
Este Sindicato representa uma categoria de profissionais majoritariamente do sexo feminino e sempre defendemos a paridade de gênero e o respeito incondicional aos direitos das mulheres. Bolsonaro em seus discursos sempre tratou a mulher como um ser inferior (além de difamar gays e lésbicas) e sua fala no domingo foi para atingir e ofender Dilma Rousseff, primeira mulher a ocupar o cargo de presidente da República, que foi presa e torturada pelo coronel Ustra, na década de 1970. Com isso, sua mira atingiu várias mulheres que também sofreram nas mãos do militar, em sessões de tortura cruéis, com momentos de terror vividos não só por aqueles que eram torturados, mas por suas famílias também, como foi o caso de Amelinha Teles, que teve seus filhos de 5 e 4 anos levados por ele para verem a situação humilhante que a mãe estava, só para citar um exemplo.
Exaltar figuras como o torturador coronel Ustra é pregar o ódio e ser condescendente ao fascismo, bandeiras que esta Entidade nunca irá levantar.
Como representante dos enfermeiros e enfermeiras do estado de São Paulo, o SEESP espera que o Congresso Nacional honre o compromisso que tem com a ética e tome as providências que o caso exige.