Procurador Geral da República sugere que homofobia vire crime de racismo

01/07/2015

Em parecer ao Supreto Tribunal Federal, Rodrigo Janot,  procurador-geral da república, sugeriu que práticas de homofobia e transfobia sejam comparadas ao crime de racismo. A justificativa é a de que essa medida é uma alternativa à falta de uma lei específica votada pelo Congresso Nacional.

O procurador acredita que há “clara ausência” de norma que legisle sobre a questão e que tal cenário inviabiliza a liberdade de orientação sexual e identidade de gênero, entretanto, foi contra o pedido de responsabilização do Estado pela demora na aprovação de leis contra a homofobia e a transfobia.

Ele apontou para o fato que, enquanto o Congresso Nacional não criar uma lei específica, os instrumentos previstos no Projeto de Lei 122/06 (Projeto de Lei para equiparação LGBTfobia ao racismo) poderiam ser aplicados, ou os que constam no projeto de Código Penal que tramita no Senado.

“Considerando o conceito histórico de raça e, por consequência, de racismo, a homofobia e a transfobia, como comportamentos discriminatórios voltados à inferiorização do ser humano simplesmente pela orientação sexual, incluem-se entre os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça”, diz Janot em seu parecer.

A punição para quem pratica, induz ou incita a discriminação e preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional é de reclusão de um a três anos e multa.

Ainda de acordo com Janot, as nossas leis atuais não são eficazes contra a discriminação em razão da orientação sexual e que o Congresso Nacional já deveria ter caracterizado como crime a homofobia. Portanto, em seu parecer ele sugeriu o prazo de um ano para que o STF se manifeste acerca da criação de uma norma que criminalize a homofobia.

Contexto:

Por conta do ritmo lento no trâmite do PLC 122/06 no Congresso Nacional, a Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT) entrou com uma ação no Superior Tribunal Federal (STF) pedindo a criminalização da homofobia e da transfobia.

Por entender que não há em jogo direito subjetivo consagrado na Constituição cujo exercício fosse impedido pela ausência de lei específica, o ministro relator, Ricardo Lewandowski, negou o pedido. Houve apelo por parte da ABGLT por meio de agravo de instrumento.

Rodrigo Janot, por sua vez, diz que existe a possibilidade de adotar a Lei do Racismo a todas as formas de homofobia e transfobia. O procurador também indica que o STF receba o pedido da ABGLT, e que a própria corte regulamente mecanismos constitucionais apontados como “carentes” no Legislativo, até que uma lei específica seja finalmente editada.

O Sindicato dos Enfermeiros do Estado de São Paulo (SEESP) trabalha intensamente na luta contra o preconceito. No grupo de trabalhadores que constitui a categoria da Enfermagem, há muitas pessoas que sofrem violência por causa de suas orientações sexuais. Esses enfermeiros e enfermeiras são dignos de exercerem de forma ética, competente e brilhante suas profissões, mas muitos sofrem o peso da impunidade por ainda não haver uma lei em vigor com punição efetiva contra quem comete crime de ódio por conta de suas sexualidades. Somos a favor da criminalização deste tipo de violência e acreditamos que é preciso criar uma conscientização e educação na sociedade sobre o respeito com essa parcela da população. Educação e conscientização precisam andar de mãos dadas com a lei contra a LGBTfobia”, comentou Solange Caetano, presidente do SEESP.

Receba as notícias do SEESP!

Inscreva-se na newsletter para continuar lendo. É grátis!

Aceito receber e-mails e concordo com a política de privacidade e os Termos de Uso.