Bilionários dobram fortuna e renda de 5 bilhões de pessoas diminui

 Bilionários dobram fortuna e renda de 5 bilhões de pessoas diminui

A riqueza dos cinco maiores bilionários do mundo dobrou desde 2020, enquanto cerca de 5 bilhões de pessoas, ou 60% da população global, viu sua renda diminuir no mesmo período. É o que diz o relatório Desigualdade S.A., divulgado nesta segunda (15) pela ONG Oxfam.

O levantamento foi publicado por ocasião do encontro do Fórum Econômico Mundial em Davos, que reúne nos Alpes suíços o topo da pirâmide política e econômica global.

O estudo revela que a soma de bilionários do planeta está US$ 3,3 trilhões —ou 34%— mais rica do que no início desta década de crise, e seu patrimônio cresceu o triplo do que a inflação no período.

Enquanto isso, a riqueza dos 60% mais pobres, que era de 2,26%, caiu para 2,23%, segundo os dados compilados pela ONG a partir do Relatório Global de Riqueza de 2023, do banco suíço UBS, e dos dados globais de riqueza do Credit Suisse relativos a 2019, período anterior à pandemia de coronavírus.

O estudo traz dados que escancaram a desigualdade social também no Brasil, onde quatro dos cinco bilionários mais ricos aumentaram em 51% sua riqueza desde 2020; ao mesmo tempo, 129 milhões de brasileiros ficaram mais pobres.

Diante desse quadro, lideranças políticas e sindicais defendem um novo acordo para aumentar impostos sobre a renda e o patrimônio dos indivíduos mais ricos do mundo.

Segundo o relatório, houve redução de impostos cobrados das grandes corporações nos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). A Oxfam ainda cita o Brasil como exemplo de país que não cobra impostos dos lucros transferidos para acionistas das grandes empresas.

Além da desigualdade entre pobres e ricos, com 50% dos ativos globais nas mãos de 1% da população (ou 60%, no caso brasileiro), o estudo ressalta os abismos entre países ricos e países pobres; a diferença de renda entre brancos e negros e a falta de equidade entre homens e mulheres.

Em 2023, 69% da riqueza e 74% dos bilionários se concentravam nos países mais desenvolvidos, localizados sobretudo no hemisfério Norte e que abrigam apenas 21% da população.

A presidente do Sindicato dos Enfermeiros do Estado de São Paulo, Elaine Leoni, lembra que recentemente foi aprovada no Brasil a lei que taxa as grandes fortunas, mas é preciso fazer mais. “Entendemos que uma das formas de diminuir a concentração da riqueza é a melhor valorização do trabalho, principalmente do aumento salarial”, afirma, destacando as dificuldades que os trabalhadores enfrentam, como é o caso da categoria da Enfermagem que tem retirado o direito ao Piso Salarial aprovado por lei.

“Precisamos de iniciativas que taxem os bilionários e que essa redistribuição da riqueza seja usada para saúde, educação e valorização salarial dos trabalhadores”, defende.

Confira alguns números:

  • A riqueza dos cinco homens mais ricos do mundo aumentou 114% desde 2020.
  • 7 das 10 maiores empresas do mundo têm hoje um bilionário no comando ou como principal acionista
  • As 148 maiores empresas do mundo lucraram US$ 1,8 trilhão, 52% a mais do que a média dos últimos três anos, e distribuíram robustos dividendos para acionistas ricos enquanto milhões de pessoas enfrentavam cortes em seus salários
  • No Brasil, a pessoa mais rica do país possui uma fortuna equivalente à metade mais pobre do país (107 milhões de pessoas)
  • O 1% mais rico do Brasil tem 60% dos ativos financeiros do país

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